sábado, 2 de junho de 2012

Ensino de Arte em Iraquara - Chapada Diamantina - BA: Centro Educacional Manoel Teixeira Leite


 Fotografia: Jailton Santoz

                                                                                                  Por Jailton Santoz
                “Se arte não fosse importante, não resistiria desde a pré-história às tentativas de menosprezo.” Ana Mae Barbosa
Neste mês de junho, farei oito meses que passei a morar em Iraquara- BA, eu que sou soteropolitano, tenho sido alvo de questionamentos de alguns alunos e professores, por qual razão eu teria saído da “Grande Salvador” para morar nesta cidade do interior... O meu feed back foi bem direto e objetivo, tenho explicado essa razão pela paixão por arte rupestre, que desde o primeiro semestre da faculdade, na disciplina de História da Arte 1 – Professora Marta Guedes, no curso de Licenciatura em Artes Visuais na UCSal – Universidade Católica do Salvador,  pude conhecer um pouco mais sobre essa herança ancestral que de forma ofegante me passa visualmente o poder para exploração imagética e poética, ainda que tenha sido há muitos anos objeto de estudo dos antropólogos, arqueólogos e historiadores, ainda que já exista sob diversos pontos de vista de diversos autores a vasta explanação sobre o assunto o meu desejo acompanhado de anseio é fazer um levantamento iconográfico  desses registros para um paralelo entre pinturas rupestres e a história da arte brasileira, fazer um mapeamento de alguns sítios arqueológicos em Iraquara para a construção de um projeto de pesquisa para o mestrado em História da Arte pela UFBA- Universidade Federal da Bahia em Salvador no período do Estágio Probatório.
No ano de 2010, surgiu a oportunidade de fazer o concurso público do Estado da Bahia, estando no penúltimo semestre da faculdade fiz o concurso, passei em primeiro lugar e um mês depois da minha formatura fui convocado e logo depois nomeado para a área que desde os 12 anos de idade sonhava em ser “professor de arte”, nuca pensei em ser outra coisa. Chegando a Iraquara sem conhecer nada e ninguém no dia 21 de outubro de 2011, uma sexta feira às 10h00min, tomei posse e fui me acomodando na cidade que de forma maravilhosa me recebeu muito bem, levarei sempre comigo a lembrança dessa cidade e os amigos que aqui conquistei. Na semana seguinte comecei minha jornada de trabalho e fui conhecendo os gestores, professores, funcionários e alunos. Ao longo das aulas fui percebendo a carente exploração da disciplina de arte de forma a valorizar suas premissas básicas, tempo em que (segundo os gestores) nunca houve professor de arte com formação adequada para o cargo, e assim foram juntando as peças em minha mente, fui conhecendo o território do CEMTL – Centro Educacional Manoel Teixeira Leite, conhecendo também a aptidão pouco explorada dos alunos, suas poéticas pessoais e iniciei meu trabalho com orgulho, dedicação e em primeiro lugar: Paixão, este é o segredo do sucesso de qualquer profissão, a realização pessoal precisa sempre vir primeiro.
Depois de ter desenvolvido trabalhos práticos, teóricos e experimentais com os alunos, tenho já uma ideia significativa em relação às diferenças culturais / regionais dos educandos iraquarenses do CEMTL e tenho tido retornos bem positivos tratando-se de mudanças e inovações no ensino de arte nesta instituição.
Há poucos dias um aluno do primeiro ano do Ensino Médio, ressaltou: “Professor, Artes nunca foi tão difícil, em se tratando de ter conteúdos, seminários e provas...” A princípio eu poderia ter ideias precipitadas e entender que ele não estaria gostando e nem sabendo lhe dar com a disciplina, já que segundo ele nos outros anos em Arte trabalhava-se apenas a prática da produção artística sem a correlação com a leitura imagética e a história da arte. Essa situação pra mim foi bem curiosa, a ponto de abrir mais os olhos e fazer um acompanhamento maior deste aluno no seu processo de aprendizagem. No final da unidade este aluno foi um dos melhores, quantitativamente e qualitativamente, obteve uma das maiores notas da sala e me fez concluir que seu questionamento foi apenas uma mudança de visão sobre Arte. Eu fiquei muito satisfeito e feliz por que sinto a necessidade de fazer diferença e mostrar o verdadeiro valor da disciplina, desmerecida muitas vezes pela própria escola e pelos próprios professores da área que nem sempre tem mostrado o porquê estudar arte, ou qual a importância da sua existência. Se o professor não conhecer esse valor e não souber passar para os alunos o fundamento e objetivo da educação cultural, os alunos jamais saberão o que é cultura, o que é conhecer arte e dessa forma as mudanças serão apenas temporal e as qualidades serão as mesmas.

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