Centro Municipal de Arte e Educação Mário Gusmão
Fotografia: Agnaldo Júnior
Por Jailton Santóz
Venho partilhar mais uma experiência em arte que vivi no
período da minha licenciatura, que foi exatamente no segundo semestre de 2009.
Tempo em que estava no quarto semestre, já havia cursado disciplinas
pedagógicas e estava tendo o meu primeiro contato em sala de aula como
professor no estágio de regência pelo IEL – Instituto Euvaldo Lôdi vinculado à
Secretaria de Educação do Estado da Bahia no Colégio Estadual Oliveira Brito,
localizado bairro de Boca da Mata / Cajazeiras VIII em Salvador. Lembro-me da
sensação desafiadora que se apresentava para mim naquele tempo. Eu não tinha
ainda uma identidade docente e só depois dos primeiros momentos de explicações,
de esclarecimento de dúvidas, de exercícios de criação artística que entendi de
fato o que estava acontecendo.
Minha turma na faculdade era composta por cerca de 12 alunos
do curso de Licenciatura em Artes Visuais e parte destes colegas já estagiava
em escolas, e sempre que tínhamos oportunidade falávamos sobre nossas
experiências em sala de aula, fazendo relações dos nossos estudos com nossas
práticas de ensino-aprendizagem nos estágios.
Meu roteiro diário era enfrentar a faculdade pela manhã,
seguir para a escola à tarde, chegar em casa à noite, cansado, fazer os
trabalhos da faculdade, corrigir atividades dos alunos do estágio e só depois
de tudo isso ir dormir para enfrentar um novo dia cheio de situações
cansativas, mas sempre prazerosas. O percurso da faculdade para o estágio
seguia da Estação da Lapa à Cajazeiras VIII, o ônibus passava por uma
instituição de ensino que no meu primeiro olhar, me chamou a atenção... Um
misto de curiosidade e ansiedade me fez ir mais cedo para a escola, descer do
ônibus e conhecer a Sra. Maria Luiza do Centro Municipal de Arte e Educação
Mário Gusmão. Eu havia planejado uma série de perguntas para fazer, procurando
saber o que era a instituição, como funcionava, o que já foi feito e qual o
tipo de atividades realizadas... Maria Luiza, que era a coordenadora esclareceu
minhas dúvidas e logo em seguida falei sobre o meu principal objetivo ali, que
era realizar um projeto educativo em arte juntamente com meus ex-colegas da
faculdade, que atingisse o público alvo da instituição à experiência de criação
visual em arte a partir de relações com mostras de vídeos de curta duração,
contações de histórias e fruições musicais. Nesta perspectiva, combinamos uma
data para apresentação do projeto que possibilitaria a realização do projeto.
No dia seguinte na faculdade, falei sobre o C.A.E.M.G. para
os colegas, que ficaram curiosos e apresentei algumas ideias que tinha em mente
para a realização de um projeto nesta instituição com crianças e adolescentes.
Reuni um grupo de pessoas interessadas e construímos o projeto de maneira
eufórica claro, até por que estávamos tendo uma oportunidade maravilhosa de
colocar em prática o que estávamos aprendendo numa situação não mais acadêmica,
mas profissional. Com medidas logísticas, calculáveis pensamos no tempo que
iríamos precisar para a concretização de todas as propostas que passamos a
levantar. Materiais, custos, transporte, função de cada participante entre
outros fomos centralizando e buscando ser políticos e democráticos sempre.
Lembro que houveram alguns contratempos em se tratando de opiniões, sugestões
entre colegas, mas no final deu tudo muito certo. Não precisamos nem gastar
muito com materiais por que parte deles foram doados pela nossa querida
ex-professora e coordenadora Lêda
Margarida Souza, a quem devemos reverência e respeito pelo que ela
significou e significa para nós.
Ainda na faculdade, tivemos cerca de mais quatro ou cinco reuniões
para a elaboração e conclusão do projeto em uma das nossas salas de aula e
fechamos as nossas propostas criando até o nome do projeto. “Um Dia Com Arte”,
este foi o nome de batismo dado por Erika
Campos, já que a nossa intenção seria como um circo que chega à cidade
trazendo alegria, aprendizagem e arte, o nosso desejo era justamente este, e
desta forma fechamos com oito horas de projeto, seguindo quatro horas para os
turnos matutino e vespertino, escalando por volta de cinco colegas por período
além de mim que precisei ficar o dia inteiro.
Numa manhã de sábado ensolarado, de frente para a praia da
Amaralina em Salvador, chegamos ao C.A.E.M.G. num clima de alegria, de
comemoração, antes mesmo de findar nossos trabalhos, pois sentíamos que tudo
iria ocorrer bem e somente pelo fato de estarmos a tão pouco tempo de realizar
o nosso primeiro projeto, nossa primeira experiência coletiva independente, o
motivo da comemoração fazia sentido mesmo.
Lembro-me que ao entrarmos na instituição fomos nos
apresentando aos gestores, professores e em seguida aos alunos... Muita coisa
foi improvisada, mas de forma alguma deixamos a desejar em algum aspecto. Nossa
colega Denize Viana iniciou as apresentações fazendo uma atividade de
alongamento e meditação com música, Elizabete Guimarães com seu jeito
espontâneo de ser criou formas de comunicação por meio de uma linguagem
humorística, Claudinalva Guimarães contribuiu muito nas contações de
hisótórias, Francine Peróliv, Mara Lima e Margareth Abreu tornaram mais dinâmicas
as oficinas de artes visuais após a minha mostra de vídeo de curta duração
“Cidade de Salvador”. Márcio Prado nos ajudou de forma geral e principalmente
nas questões técnicas apresentadas, Elaine Bispo fez o seu papel de mediadora
nas atividades e Agnaldo Junior (convidado) registrou por meio de fotografias e
filmagens nossos melhores momentos. E assim resumidamente realizamos nossas
atividades, concluímos tudo o que havíamos planejado e seguimos para nossas
casas com um abraço, um muito obrigado de cada aluno da instituição e a
sensação de missão cumprida e abertura para novas caminhadas pela vida em
arte-educação.
Concluímos que a arte na educação não está limitada à sala de
aula e tão pouco ao ensino regular. Independente do ambiente ou da nomenclatura
do processo de ensino-aprendizagem, o ensino de arte viabilizado pelas
diferentes abordagens que envolvem criação e cognição, promovem a epistemologia
da arte. Arte-educação significa o ensino de Arte num ponto de vista crítico,
consciente do conhecer cultura por meio da aprendizagem da arte em suas
múltiplas abordagens teórico-práticas. A educação e a arte serão sempre
verdadeiras aliadas no processo de aprendizagem desde quando o professor
reconheça este valor e saiba distribui-lo mostrando o porquê conhecer arte e
qual a sua relevância na formação humana das pessoas.
Agradeço à professora Lêda pelo incentivo, à coordenadora
Maria Luiza pelo apoio, a Agnaldo Júnior pela força, amor e presença na minha
vida e a todos os ex-colegas que contribuíram para o sucesso desta realização. Quero
dizer que a presença e participação de todos foram peças fundamentais para hoje
dizer que fizemos um bom trabalho a ponto de jamais esquecer o quão
significativo foi esta experiência para a nossa formação como arte-educadores e
como seres humanos.
Obrigado pela leitura e até o próximo texto!
Fotografia: Agnaldo Júnior
Fotografia: Agnaldo Júnior
Fotografia: Agnaldo Júnior
Fotografia: Agnaldo Júnior
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